Pesquisar neste blogue

terça-feira, 31 de maio de 2011

MÁSCARA



Sou a vítima legítima
dos meus erros.
Corpo ausente-presente
nos enterros.
Orgulho no entulho
dos aterros.

Sou o choque remoque
dos aflitos.
Raiz, seiva, na leiva
dos conflitos.
Discordância e ganância
dos proscritos.

Sou maldita conquista
da ciência.
O juízo impreciso
na demência.
A gula que regula
a abstinência.

Sou repulsa convulsa
dos escravos.
A surpresa-fraqueza
dos bravos.
O corpo exangue
de alguns cravos.

Sou a injúria: luxúria
antecedida.
Uma atitude rude
inadmitida.
Dignidade e bondade
apetecida.

Sou a vitória inglória
da chantagem.
O começo-arremesso
de coragem.
A meta incompleta
duma viagem...

Sou tudo o que não quero:
os átomos que vão
dum zero a outro zero...
o traço de união
entre a Génese e o Fim.

... E sabendo-me assim,
bebo o receio e o medo
sem disfarce,
da matéria diluída,
no fóssil de um segredo...

... E sinto a carne e a vida
a esboroarem-se
na sombra de mim mesmo!
M.B

Sem comentários:

Enviar um comentário